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  • Foto do escritorRicardo Vargues - Fisioterapeuta

Entorse do tornozelo: Como a fisioterapia pode ajudar na recuperação.

Atualizado: 20 de fev.


Esta lesão é provavelmente a mais comum no universo das alterações músculo-esqueléticas.

A maioria das entorses (aproximadamente 85%) ocorre quando o pé faz o movimento exagerado de inversão, ou seja, roda para dentro excedendo a sua capacidade. O mesmo mecanismo de lesão ocorre em menor frequência no movimento contrário.


entorse do tornozelo
Figura 1 - Mecanismos de entorses do tornozelo.


Este mecanismo leva a que os ligamentos do tornozelo, que são os responsáveis por manter os ossos e articulação na sua posição, sofram movimentos anormais, como as torções e rotações do pé.

Quando um ligamento é forçado para além da sua normal capacidade, ocorre uma entorse.

As entorses são classificadas em três graus:

Grau I — onde há um leve estiramento das fibras do ligamento.

Grau II — onde ocorre um rompimento parcial.

Grau III — rotura total do ligamento: o caso mais grave.


Graus de entorses
Figura 2 - Graus de entorses.

Os sintomas de uma entorse são imediatos ou nas horas seguintes, os mais comuns são:

  • Sensibilidade ao toque;

  • Dor;

  • Inchaço local, sob a forma de edema (acumulação de líquidos) e/ou hematoma (acumulação de sangue);

  • Vermelhidão e aumento da temperatura da zona;

  • Dificuldade em andar.


entorse do tornozelo
Figura 3 - Sintomas de uma entorse.

Os fatores de risco desta lesão são: a prática de desportos que envolvem movimentos de impulsão/salto e corrida. Bons exemplos são o basquete, o vólei, o ‘skate’, o trail running e o futebol. Outros fatores de risco são alterações anatómicas predisponentes (como a diferença de comprimento dos membros inferiores ou laxidão ligamentar).

Mas o que se deve fazer quando ocorre a lesão?

Na minha experiência, um dos maiores erros que as pessoas cometem é subestimar uma entorse. A primeira ação a ser tomada é dirigir-se a um médico (fisiatra, ortopedista, as urgências numa unidade hospitalar perto de si) para se poder averiguar se houve fratura óssea através de um raio-X e o estado dos ligamentos com uma ressonância magnética.

Após ter sido feito estes dois exames complementares fica diagnosticado como referi anteriormente o grau da lesão. Mediante o grau da lesão existem protocolos de tratamento médico e de fisioterapia a seguir.

Na fase aguda o médico prescreve:

  • Anti-inflamatórios;

  • Repouso;

  • Aplicação de gelo;

  • Elevação do pé acima do nível do coração;

  • O uso de uma ligadura ou bota para comprimir a zona da lesão;

  • Canadianas como auxiliares de marcha.

Estas medidas visam à diminuição da inflamação, do edema, da dor e do peso sobre o membro afetado.

Todas as entorses devem ser reabilitadas: desde as menos graves (porque habitualmente não são tratadas devido à falta de sensibilização e desconhecimento da mais-valia da fisioterapia nesta e em outras lesões músculo-esqueléticas) às mais graves.

Lesões mal recuperadas levam a recidivas, ou seja, pessoas com várias entorses de repetição no mesmo pé. É de salientar que quem tem recidivas pode vir a ser um candidato para cirurgia do tornozelo.

Como a fisioterapia pode ajudar?

Procure um fisioterapeuta para uma avaliação e para se poder instituir o tratamento de reabilitação adequado para o seu caso.

A fisioterapia ajuda a controlar a dor e o inchaço, permite prevenir a cronicidade do problema e, com um programa de exercícios adequado, possibilita a recuperação da força, da flexibilidade e da estabilidade nesta articulação.

Para finalizar, falta falar da prevenção. Para esta lesão a melhor prevenção é a reabilitação.

Se é desportista, é essencial um correto aquecimento; deve realizar programas de treino específicos para a sua modalidade e, não menos importante, usar calçado adequado. Este calçado deve ser substituído quando o desgaste na sola é visível.




Ricardo Vargues | Fisioterapeuta



Veja o vídeo sobre a entorse do tornozelo:



Referencias:

  1. Roos KG, Kerr ZY, Mauntel TC, Djoko A, Dompier TP, Wickstrom EA. The epidemiology of lateral ligament complex ankle sprains in National Collegiate Athletic Association sports. American journal of sports medicine. 2016.The American Journal of Sports Medicine Vol 45.

  2. American Orthopaedic Foot & Ankle Society.

  3. Marc Reis e col., A Instabilidade Crónica da Articulação Tibio-Társica: Etiologia, Fisiopatologia e Métodos de Medição e Avaliação, Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto.


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